Saturday, November 05, 2011

Capítulo 1 Pag. 2

Quando cheguei em casa eu não conseguia me conter em abrir o envelope, joguei minha bolsa na cama e abri o envelope marfim, eu não sabia bem o que esperar nele, eu sabia que era dinheiro, mas o que mais? Senti algo como um talão de cheques, ao pegar o objeto na mão percebi que era um vocher, uma passagem de avião e uns papéis dobrados.
Eu não consegui entender o porque da passagem então abri rapidamente os papéis esperando encontrar uma explicação, e encontrei mais do que isso, encontrei uma chance no meu futuro incerto.
Aqueles papéis era de uma agência de viagens, mais especificamente uma agência especializada em intercâmbios, eles continham um número de telefone e algumas informações sobre o programa. Meu coração acelerou e não consegui pensar em nada, fiquei sem reação; minha mãe entrou no quarto:
-Você já abriu não é? Seu tio quer dar de presente este ano, ele acha que seria uma boa pra você sair um pouco daqui e aperfeiçoar o inglês e também crescer um pouco.
“ Estava demorando para ela me cutucar”
-Ahm, é...isso é incrível... mas eu vou?
-Você quer ir?
-Quero mas e o dinheiro?
-O seu tio vai pagar, é presente!!! Presta atenção no que eu falo!
-Nossa mas que presente caro...e não precisa brigar
- Ai tem o endereço e telefone da agência se você quiser entrar em contato, amanhã a nós vamos almoçar na casa dele pra conversar à respeito. Agora vai dormir!
Mas eu não conseguia dormir, era difícil de acreditar que eu ia viajar e sair daquele inferno que era minha vida, repentinamente comecei a sentir um frio na barriga, eu ficava ansiosa só de pensar na viagem.
***
Eu voltei da casa do meu tio radiante, nó tínhamos acabado de acertar as coisas da viagem e no dia seguinte eu começaria a ver roupas e outras coisas para levar.
Estávamos voltando do shopping depois de ter gasto quase a minha poupança inteira em roupas e outras coisas para a viagem. Minha mãe resolveu passar na casa da minha madrinha para tomar café. No meio do caminho, em uma curva logo após o semáforo um carro, aparentemente de outra cidade bateu no carro da minha mãe que logo começou a pirar, ambos encostaram para resolver. Mas minha mãe estava muito nervosa para ter qualquer tipo de conversa, eu fiquei no carro esperando, quando ela entrou furiosa
-Só me faltava essa agora, a gente pode ficar gastando dinheiro com isso né?
-O que aconteceu?
- O cara disse que a sinalização indica que ele estava certo e eu deveria ter ficado do outro lado para fazer a curva, mas todo mundo fica desse lado, à 5 anos que eu e todo mundo vira por aqui.
-Ta e o carro? Estragou muito?
-Riscou né...e o dele amassou um pouco, vou ligar pro seguro pra ver se cobre...ai que inferno de vida! Bem quando a gente não tem dinheiro nem pra pagar as contas. Vai custar uma grana arrumar os dois carros se o seguro não pagar, um dinheiro que a gente não tem!!- ela parecia muito nervosa- E você também nem pra me avisar!!

-Mãe eu não sabia, como eu ia adivinhar que ele não ia virar? Eu vi se aproximando mas não achei que ia bater

-Aaaha então você poderia ter me avisado
-Mas eu não sabia!!
-Ah você também não me ajuda em nada

Tive que agüentar ela falando o caminho todo da pequena batida, no café com a minha madrinha, na volta pra casa, durante a janta, no telefone com o meu pai,e no café da manhã do dia seguinte.
Eu já não agüentava mais aquela reclamação, todo aquele drama me dava nos nervos e ela sempre arrumava um jeito de colocar a culpa em mim, ou era porque eu não lavei a louça, ou porque demorei 15 minutos pra pendurara roupa, ou porque choveu e eu não tirei a roupa do varal e mesmo quando eu estava doente ou não estava em casa ela me cobrava coisa absurdas; eu queria muito ir embora.
A noite chegou e eu lia o meu livro para me distrair e estava conseguindo, fiquei concentrada no livro até ser rudemente assustada pelo barulho da porta sendo escancarada no meu quarto.
-Muito obrigada por buscar o pão que eu pedi.
-Desculpa eu esqueci, estava chovendo e não percebi quando parou
-Você nunca percebe nada, fica ai só querendo ler essas besteiras e nunca presta atenção no que está a sua volta- Ela falou irritada
-Mãe, nossa, eu tinha que esperar a chuva passar...eu estava lendo só me distrai um pouco é normal se distrair
-Você está sempre distraída e nunca me ajuda
Eu respirei fundo...
-Não é verdade, eu sempre passo aspirador e lavo a louça
-Quando eu mando!- respondeu rapidamente
-Não, o aspirador eu passo sim tá todo dia sem você mandar.-retruquei tentando não ficar estressada
-Passa porque tem que passar e nem passa direito..eu não vou mais discutir isso
-Mas...-Tentei continuar a conversa para me defender, eu já estava muito nervosa e me segurava para não gritar
-Eu já disse que não vou mais discutir
-Você nunca me escuta, só sabe reclamar..EU TO LOUCA PARA IR EMBORA DAQUI!!!-fechei a porta do meu quarto, ouvi alguns passos na direção da porta,mas logo se afastaram.
Fui dormir...chorando. 

Friday, November 04, 2011

Cap. 1- A little bit longer and I’ll be fine


As coisas nem sempre pareciam tão ruins, ultimamente tudo tem sido calmo, até demais. Os resultados das minhas provas finais saiam aos poucos e não estavam lá muito bons e eles já estavam me deixando louca. Fiquei muito triste com todas as notas insatisfatórias, não estavam a baixo da média, mas também não eram as notas que eu costumava tirar, bom também com tantos problemas nós não esperava que fossem boas, mas mesmo assim algo dentro de mim me colocava pra baixo cada vez que as via.
Eu me sentia como se olhasse para o espelho e não me reconhecesse,era como olhar para trás e perceber que algo se perdeu pelo caminho, eu não era mais a mesma, uma parte de mim se fora. Já não sorrio como antes, não vou bem na escola como antes, não entendo as coisas ao meu redor, já não sei mais quem eu sou.
Mas também não importava mais quem eu era ou como estavam as minhas notas, faltava apenas um mês para o final das aulas, o primeiro trimestre já estava acabando, logo as férias chegariam e isso realmente me preocupava, ficar em casa com minha mãe nada estressada seria um inferno maior ainda.

Por mais que eu tentasse evitar as brigas com a minha mãe, não adiantavam, elas eram cada vez mais freqüentes. Eu não queria responder, fui criada dentro de princípios e valores muito rígidos, e sabia que responder para a minha mãe era uma tremenda falta de respeito, eu me sentia péssima todas as vezes que o fazia, porém, não tinha como me controlar algumas vezes, quando e sabia que ela estava sendo injusta, ou por ela reclamar sempre das mesmas coisas. Era insuportável passar os dias assim e ficava pior quando meu pai estava junto.

Já estávamos no meio de Maio e nada parecia melhorar toda a minha família, que antes ligava todos os dias para checar a situação emocional de minha mãe e, se precisava-mos de alguma coisa; agia como se tudo estivesse normal, aparentemente todos se esqueceram. Ficaram meses sem nos ligar, até que fomos convidados para a festa de aniversário do meu tio, e foi lá que tudo começou a melhorar.

***
Depois de uma longa semana procurando um presente não ta caro mas de boa qualidade; após várias discussões que me renderam alguns dias sem falar com a minha mãe, encontramos o tal presente.

O salão era grande, e havia mais gente do que imaginei. A entrada não era tão grande, mas ao passar a porta havia um grande corredor, cheio de mesas, com toalhas brancas e flores. Atravessamos o salão e o cumprimentamos desejando-lhe parabéns.
Não era exatamente A festa, apesar de ter uma música animadinha e pessoas dançando na pista, ainda sim, metade do salão era pessoas de meia idade que ficam conversando sobre algum assunto qualquer. Eu já estava ficando entediada por não fazer nada, resolvi então subir onde estava o DJ para conferir o equipamento de som e sair um pouco daquela mesa chata.

Era irritante como aquelas pessoas ficam dançando músicas antigas com uma coreografia horrível, mas pelo menos eu estava distraída com aquela cena engraçada. Lá do alto dava pra ver todo o salão, foi de lá que vi meu tio indo falar com a minha mãe, carregando um envelope na mão; seria dinheiro? Eu realmente esperava que não, aquilo só iria nos render mais noites mal dormida e muitas lágrimas pelo rosto de minha mãe.
Fiquei muito curiosa á respeito do misterioso envelope que meu tio carregava, ele estava sentado conversando com ela, eu seu rosto havia uma mistura de surpresa, tristeza e felicidade. Resolvi então descer disfarçadamente para o salão novamente e ficar na pista de dança ainda os observando; eu precisava de uma desculpa para voltar á mesa, mas nem precisei pensar em uma, minha prima se dirigiu até mim e pediu para que eu me sentasse lá, pois meu tio estava me chamando. Quando sentei ele apenas sorriu e notei que havia outro envelope,maior,em cima da mesa.

- O seu tio tem algo para você - disse minha mãe ainda com aquela mistura de sentimentos

Olhei para ele apenas esperando que me entregasse ou falasse o que precisava. 

- Aqui tem dinheiro para você usar como achar apropriado.-disse-me mostrando o pequeno envelope

“Dinheiro? Era ele quem fazia aniversário e eu quem ganhava presentes?” – Pensei

- Já aqui...Bem aqui tem uns papéis que gostaria que analisasse e pensasse de forma sensata.
Entregou-me o envelope maior cor de marfim e continuou.

- Depois conversaremos sobre isso melhor, há muitas coisas á serem discutidas e analisadas com cautela e aqui não é lugar para isso. Já conversei com sua mãe, ela lhe explicará algumas coisas e conversaremos ainda esta semana.

Logo se levantou, me abraçou e dirigiu-se ás outras mesas para conversar com os outros convidados. Eu sentia um impulso muito grande de abrir o envelope, mas achei melhor abri-lo apenas em casa.